sexta-feira, dezembro 23, 2005

Boas Festas


A todos Boas Festas e Feliz 2006 !

E mái nada...

2005: um balanço (incompleto)

Algumas coisas que me aconteceram e me deram mais prazer durante este ano que termina. Algumas delas são mais antigas e outras só agora as descobri, mas o tempo não apaga a qualidade, nem a falta dela.

O melhor:
-A minha família
-Férias na Rep.Dominicana
-Uma semana a dormir em Évora
-O livro do Richard Zimmler, as crónicas vol.1 do Bob Dylan e "Poeta e Espião" entrevistas a Oswald Le Winter.
-Os cozinhados da Ana, principalmente o Chili, o Bacalhau com espinafres e umas Migas não sei quê com Bife
-A descoberta da música de Townes Van Zandt (disco "Our mother the mountain"), Arcade Fire, Magic Numbers, Bob Dylan (mais um ano de vício), Amadou & Mariam (Senegal Fast Food é um must) e algumas canções magíficas como "Soul meets body" dos Death Cab For Cutie, "We´re from Barcelona" dos I´m From Barcelona, "In a funny Way" dos Mercury Rev, "The Weight" The Band, "There goes the sun" dos Pernice Brothers, "Poor man´s shangri-la" de Ry Cooder, "Somebody knocking" de Robert Plant, "Let me stay awhile" de Bergen White e "5 degrees below zero" dos Richmond Fountain...
-o filme "Lost in translation" , o documentário "the Blues" de Scorcese, e um documentário sobre os lendários músicos da Motown, os The Funk Brothers.
- O não ao Tratado Constitucional Europeu
- Benfica campeão
-PS foi corrido da C.M.Barreiro
-O Chavez e agora o Evo Morales a dar cabo da cabeça ao Bush
-Cada dia é um novo dia

O pior:
-Atentados de Londres
- Políticos portugueses
- Televisão
- Mentiras do Sócrates
- A peça de teatro " O défice é...como enganar papalvos e aperta aí o cinto ó carneiro!", encenada por Sócrates, Sampaio e brilhantemente interpretada por Constâncio-El Governador del cacao
-The return of Cavaco...o clonezinho do Salazar
-Novela(o) Casa Pia episódios 3098 a 10 582
-Bush e Compª.
-O embuste da gripe das aves
-Incêndios
-Uma procissão em Lisboa...lamentável
-Quem matou o António?
- Os euros não dão para nada
- Já não ter ilusões, porque tê-las era até que era bom, mas já não consigo...
-A falta de memória deste povo
-Saber que 2006 será uma merda com o que já temos e com o presidente que aí vem; vai-se compôr o ramalhete e enterraremos a democracia, porque já estamos na oficialmente na cleptocracia há vários anos
-Prémios MTV em Lisboa e nem um artista nacional deixaram actuar! E toda a gente fez vénias à cena !?

terça-feira, dezembro 20, 2005

Star Gay

Acaba de ser conhecido o novo herói dos tempos modernos e que vai arrasar toda a concorrência.
Qual Homem Aranha?, qual Batman?, qual Cap.América?, qual Harry Potter?.
Vocês passaram à história!
Eis, agora, o maior e o mais poderoso dos super-heróis de todo o universo e arredores.

Senhoras e senhores, apresentamos em exclusivo mundial, o grande...


sábado, dezembro 17, 2005

Foi inaugurado um novo Blog cá no sítio, intitulado "O Império das Mentiras, tomem nota:
http://mentirocracia.blogspot.com

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Love will tear apart...again?

Soube hoje que os três ex-elementos vivos dos Joy Division, os New Order, estarão a encarar seriamente voltar a gravar sob aquela denominação para a banda sonora do filme sobre o falecido (em 18 maio 1980) cantor Ian Curtis. Ao que consta terão tocado recentemente ao vivo temas da antiga banda e encaram a hipótese de criar novas músicas como Joy Division.

Não sei...isto de desenterrar velhas glórias, ainda por cima faltando um elemento da formação original, deixa-me sempre de pé atrás. Veja-se o caso dos Doors com o vocalista dos Cult a imitar os gestos e imagem do Morrison...que falta de chá!
No entanto, também acontece a coisa resultar. Os Velvet Underground voltaram aqui há uns anos e, apesar de nada acrescentarem, não fizeram figura ridícula. Os Love também se limitaram a recriar a obra-prima "Forever Changes" de 1967 e não desiludiram, pelo menos na digressão pela Grã-Bretanha, porque aqui no Sudoeste o mentor e fundador Arthur Lee deixou o resto dos músicos pendurados e não apareceu. Os Stooges reapareceram com força, por culpa da energia do velho-jovem Iggy Pop. Agora os Gang of Four também têm novo disco que não os envergonha de forma alguma. Ele há casos e casos...
Depois há aqueles que nunca pararam completamente como o Dylan, Springsteen, Young, Cohen, Reed, Cave, P.Smith, que vão dando sinais de vida de tempos a tempos, uns mantendo o bom nível, outros oscilando entre o bom e o mau.
Também acontece estes regressos terem razões de carteira, a malta anda ali pelos 50 anos, a criatividade escasseia, não produz novos êxitos, há contas para pagar, a editora quer ver se ganha mais algum, e lá se faz um novo disco ou reeditam-se obras importantes com novo embrulho, faixas extras, take 28 da canção x, junta-se um dvd manhoso com imagens de backstage sem qualquer interesse, um remix pelo dj ya man, etc...

Mas voltando aos Joy Division e ao filme sobre o Curtis, espero de todo que aquilo não resulte em nada de foleiro- tipo santificação de um artista que se enforcou aos 23 anos porque Deus leva os jovens génios para junto de si. Aquele tipo de glorificação cliché sex & drugs & rock ´n roll que, no caso, não se ajusta de todo.

Pelo que li sobre o filme que se prepara, baseia-se no livro escrito pela viúva Deborah Curtis denominado "Touching from a distance", cuja edição portuguesa tem o título de "Carícias Distantes" (Assírio & Alvim-1996). No livro a ex-companheira exorciza a culpa, a perda, a confusão, a incompreensão que pautou a vida do casal, a incapacidade de harmonizar a sua relação familiar com as exigências da vida de cantor e o drama de Curtis pelo agravar da sua doença-epilepsia- que, para além dos mais próximos, ninguém parecia dar a devida atenção. No fundo o livro faz a desconstrução de um mito tornado objecto de culto pela aura que se criou devido ao seu suicídio, às suas letras enigmáticas e negras, e à sonoridade claustrofóbica das músicas. Fala de um gajo de carne e osso que faz as coisas normais como qualquer outra pessoa, mas alguém que também oscilava entre a alegria, a ternura, a paixão, o amor e as crises da doença, o mal estar, a fuga, a infidelidade, a mentira e a crueldade da relação...

Porque a música dos Joy Division muito me acompanhou e ajudou a ser aquilo que sou, para o bem e para o mal, faço figas para que este antes improvável regresso se faça com um mínimo de dignidade e respeito. Até me dá arrepios...!

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Jack London e o Povo do Abismo





Jack London (1876-1916), publicou em 1903 "O Povo do Abismo" que relata e desmascara o embuste que constitui a Civilização Moderma, onde a barbárie continua legitimada pelo voto democrático. Aqui deixo um excerto:



«Lancemos um olhar sobre o abismo social no seu todo e coloquemos certas questões ao mundo civilizado, para as quais encontrará justificação ou não. Por exemplo, a Civilização melhorou o destino do homem médio?

Vejamos. No Alaska, nas margens do Yukon, perto da foz, vive um povo primitivo, os Inuits. São uma manifestação muito ténue e fugaz desse tremendo artifício a que chamamos Civilização. O seu rendimento anual deve andar à volta das 2 libras por pessoa. Caçam e pescam para se alimentar, com lanças e flechas com pontas de osso. Nunca têm falta de abrigo e as roupas, quase sempre feitas com peles de animais, são quentes. Não lhes falta combustível para acender fogueiras e madeira para construir as casas, que enterram até meio, instalando-se confortavelmente lá dentro nos períodos dos grandes frios. Durante o verão, vivem em tendas abertas à brisa e ao ar fresco. O único problema que os aflige é a alimentação, porque há fases de abundância e períodos de fome. No primeiro caso, consomem o mais que podem e passam privações no segundo.
Mas não conhecem a fome reduzida ao estatuto de situação normal e alargada a milhares de pessoas. E não têm dívidas.

No Reino Unido, à beira do Atlântico, vivem os ingleses. É um povo, completamente civilizado. O rendimento anual de cada habitante é pelo menos de 300 libras. Não angariam os alimentos pela caça e pela pesca, mas trabalhando arduamente, em enorme fábricas. Na maior parte dos casos, estão mal alojados e às vezes nem sequer têm abrigo, falta-lhes combustível para se aquecerem e não têm agasalhos suficientes. Um número sempre constante de pessoas nunca teve casa e dorme ao relento. Encontram-se muitos a tiritar de frio pelas ruas, esfarrrapados. Quando tudo corre bem, a maioria arranja comida e, quando corre mal, morrem de fome, como morriam no passado e como morrerão no futuro. A Inglaterra tem 40 milhões de habitantes e 939 mil morrem na miséria, enquanto um exército permanente de 8 milhões se debate nos limites da miséria. Além do mais, cada bebé que vem ao mundo já nasce com uma dívida de 22 libras, graças a um artifício a que chamam Dívida Nacional.

Se considerarmos o inuit médio e o inglês médio vemos imediatamente que a vida é mais clemente para o inuit. Enquanto ele só passa fome nos momentos mais críticos, o inglês suporta-a toda uma vida. O inuit nunca tem falta de combustível, de roupas ou de casa, enquanto o inglês gasta o tempo todo à procura destes três elementos indispensáveis à vida.

É por isso interessante o que disse Huxley, que trabalhou como médico no East End de Londres: “Se me dessem a escolher, preferia, sem hesitação, viver entre estes selvagens, em vez de levar a vida dessa pobre gente da cidade cristã de Londres.”

O bem-estar de que goza o indivíduo é produto do seu trabalho. Visto que a Civilização não pode dar ao inglês médio a alimentação e o abrigo que a natureza dá inuit, surge imediatamente a questão:
A Civilização aumentou a capacidade produtiva do homem médio?

Mas, responder-me-ão, ela aumentou essa capacidade, visto que cinco padeiros podem fabricar pão para mil pessoas, e um só homem pode produzir roupas para 250 indivíduos, botas e sapatos para mil. Então, se aumentou a capacidade produtiva porque não melhorou a sorte do homem médio?
A esta pergunta só se pode responder de uma maneira: devido a uma má gestão.
É evidente que se 40 milhões de indivíduos, com o auxílio da Civilização, possuem uma maior capacidade produtiva que os inuits, esses também devem poder gozar de maior bem-estar material e muitos mais prazeres espirituais.

Um vasto império sucumbe às mãos destes gestores incapazes. Fizeram um trabalho de sapa e revelaram uma incompetência invulgar, além de que desviaram fundos públicos. Nenhum dos responsáveis dessa classe dirigente pode deixar de ser condenado na barra do tribunal da Humanidade. Não há que enganar, a Civilização centuplicou a capacidade produtiva da humanidade e, em consequência da má gestão, os civilizados vivem pior que os animais, têm menos que comer e estão menos protegidos do rigor dos elementos que os selvagens inuits num clima muito mais frio. Vivem hoje como na Idade da Pedra, há mais de 10 mil anos.»

terça-feira, dezembro 06, 2005

1100 Discursos

Excertos de uma notícia:

"Desde o início do primeiro mandato, a 9 de Março de 1996, o Presidente da República já proferiu mais de 1100 discursos. O que equivale a uma média de dez intervenções mensais(...).

(..)«Os discursos são do senhor Presidente», sublinhou o Gabinete de Imprensa da Presidência (...).

(...)Agosto é o mês do ano em que Jorge Sampaio menos discursa. No site oficial da Presidência da República não existe, por exemplo, nenhum registo de qualquer intervenção presidencial nos meses de Agosto de 1996 e de 2001(...).

(...) Desde 1996, o ano em que a pena de Sampaio mais laborou foi 1999, com cerca de 160 discursos.
2000 foi, pelo contrário, o que menos obrigou à intervenção do Presidente: 84 foi o número total de discursos proferidos."

Fim do excerto.


Ora vamos lá ver:

Ficámos a saber para que tem servido o Presidente, mas, em concreto, no dia a dia, naquilo que é palpável e naquilo que tem a ver com a vida do povo qual foi o resultado de tanto discurso? Mudou alguma coisa? Melhorou a nossa vida? Resultou em mais emprego, melhor educação, melhores políticas, mais desenvolvimento?

Ena pá, e foi o próprio a escrevê-los !? Então para que servem tantos assessores remunerados acima da média? Estes não escrevem nada? Ou só corrigem e passam a computador?

Ora, então, vejamos Agosto teve menos discursos...sol e mar sol e mar lá lá lá, pois então, como qualquer português que ao regressar de férias viu a empresa fechada e dos patrões nem rasto! Daqueles patrões modelo e com direito a inauguração oficial, visita em campanha de votos e benefícios fiscais como todos os portugueses...

1999 foi cá uma estafa, pá! Em 2000 foi a ressaca, andou a curá-la...

Qual a diferença entre estes fantásticos 1100 discursos e os discursos do cão Jardel, que é um cão que anda todos os dias ali pela zona de Sta.Maria a ladrar que nem um louco a quem passa?

O Tesouro Que Não Era

Houve um extraordinário caso no Barreiro, ocorrido no ano de 1871. Durante três dias de Agosto daquele ano, saiu num jornal de Lisboa uma declaração de Francisco Gomes, um boieiro de 22 anos que anunciava:

"...que foi o achador de um depósito de oiro enterrado na quinta denominada do morgado dos Albuquerques, no Lavradio, e que, pela qualidade do oiro, ter sido feito esse depósito há mais de trinta anos, chamando a quem de direito tiver esse depósito, para o deduzir dentro do prazo de dois anos".
Dias depois, o Diário Popular noticiava que o achador avaliava o tesouro em 20 milhões!
Porém, a 17 desse mês de Agosto, o Jornal da Noite informava os seus leitores:
"Já está na cadeia o homem que se inculcava o achador do tesouro do Lavradio."
O administrador do concelho mandou fazer escavações para verificar a existência do tesouro, mas este não apareceu. O Francisco Gomes foi preso, acompanhou os guardas na busca, mas empatando-os o quanto podia.
Apesar de nada aparecer, ele asseverava a existência do ouro. Afinal de contas, tratava-se de um truque para extorquir dinheiro a possíveis investidores cobiçosos na pesquisa de um tesouro inexistente!
Com isso arranjou boa maquia, que lhe permitiu ter duas moças metidas no seu quarto e, na altura das escavações oficiais, convidar os guardas a merendar e prometer a cada um fato novo e um dobrão de ouro quando o tesouro aparecesse.
Conta-se que um dia, o Gomes apareceu com uma caveira dizendo que lhe tinha ido parar às mãos no cemitério e uma voz o avisara ser de sua mãe! Mas a lata do Francisco era tal que, tendo começado as escavações oficiais num sábado, pediu que fosse respeitado o domingo como dia de descanso, continuando-as apenas na segunda. Proposta que foi aceite pelo paciente administrador...
O Gomes quis levar a escavação para debaixo de uma casa, a qual, a realizar-se, poderia provocar uma derrocada. Mas o proprietário não o consentiu. A dada altura, no subsolo apareceram dois degraus, mas também não tinham continuidade.
Entretanto, os investidores burlados que se queixaram já chegavam a quatro!
Segundo o Diário Popular, a prisão foi a melhor coisa que poderia acontecer aos Gomes, pois se a polícia os não levava, a população preparava-se para fazer um linchamento em forma!
Todavia, o Francisco Gomes, a dada altura mandou o pai chamar o padre para que rezasse uma missa de corpo presente, pois vestido de frade tencionava meter-se num caixão.
Mas, o Padre é que não esteve pelos ajustes deste sufeito, que se transformou em lenda barreirense!
Nota: Retirado do Livro "Lendas de Portugal" Autor Viale Moutinho, Edição DN 2003

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Eles Andam Aí!



Sozinhos, aos pares, em grupos e aos magotes.

Eles andam aí.

A falar, calados, opinando ou nem tanto.

Eles andam aí.

Prometendo, comprometendo, baralhando e voltando a dar.

Eles andam aí.

Uns mortos, outros ressuscitados por obra e graça, bem parecidos ou nem tanto, anunciam a boa nova ao rebanho domesticado pelas máquinas de marketing profissional.

Venham todos, tragam amigos e conhecidos, ponham os óculos 3D e apreciem o espectáculo, o grande buraco...vazio, o magnífico eclipse da democracia a ter lugar no cú da Europa!

quarta-feira, novembro 30, 2005

Sociedade Recreativa Miranços e Bitaites





Cuspir e escarrar, deitar o lixo para o chão, coçar os tomates, tirar macacos do nariz, deixar crescer a unhaca do dedo mindinho para extrair a cera dos ouvidos, e que também serve para palitar os dentes a seguir às refeições, falar mal dos outros por inveja, não limpar a sanita depois do serviço, etc, etc…é todo um rol de hábitos bem portugueses e que também nos definem como povo culturalmente evoluído que fomos, somos e seremos.

Mas aquela actividade que cativa mais portugueses, a que exige mais poder de observação e de tempo e é praticada principalmente por desocupados e/ou reformados é o “Miranço”.
O “Miranço” consiste em ficar parado a contemplar e a apreciar algo que os outros, os ocupados, estão a fazer. Qualquer coisa serve para o mirone se distrair; como estar a chegar a casa com compras, estacionar o carro, uma mulher que passa, uma montra, um autocarro, um comboio, e por aí fora…

No entanto, para além de todas estas, aquilo que mais atrai mirones, o mais interessante, o expoente, o supra-sumo, o seu grande orgasmo mental são as obras de construção civil. É vê-los agrupados de mãos nos bolsos a analisar o desenvolvimento dos trabalhos em curso, as valas de esgoto abertas, uma máquina a retirar entulho e a carregá-lo num camião, betoneiras, martelos pneumáticos, vigas, tijolos, pilares, toda esta parafernália tem inúmeros entusiastas a lançarem os seus bitaites que até parecem engenheiros especializados e com larga experiência acumulada no ramo.

O sr. Marques, beirão estabelecido no Barreiro vai para uns trinta anos, é mestre e senhor nesta actividade. Não falha uma obra de grande envergadura, um esgoto, uma conduta que rebentou, melhoramento e tratamento de jardins municipais ou limpeza de ruas. Ele tem sempre uma valiosa e útil opinião sobre o assunto.

Como está reformado da Marinha, logo após o pequeno almoço passa pelo quiosque para comprar o jornal cultural “A Bola”, dá uma mirada nos títulos e solta logo duas ou três postas a dizer mal do Pinto da Costa, dos árbitros que roubam o Benfica e dos ranhosos do Sporting. Como conceituado treinador de sofá - já que deixou de ir aos jogos porque diz que há uns anos houve uma confusão e levou com um chapéu de chuva na cabeça e jurou que nunca mais dava dinheiro a chulos do futebol - o sr.Marques julga-se o melhor analista das redondezas no que respeita ao chuto na bola, sendo que não perde um jogo desde que tem a SporTv , seja ele um jogo grande ou um Estrela da Amadora-Paços de Ferreira, tudo tem interesse. Depois, diz até amanhã e arranca para a sua ronda pelas obras em curso.

Acompanhou do princípio ao fim as obras da ponte da Recosta e, ultimamente, tem-se dedicado às do Polis e às da Av.Alfredo da Silva. Para ele as coisas estão sempre mal feitas, os gajos não percebem nada do assunto, são uma cambada de maçaricos e andam a gastar mal o dinheiro. Quando era da Marinha correu meio mundo embarcado, desde o Brasil, Timor, Angola, Cabo Verde, S.Tomé, Moçambique, Macau, Goa, Austrália, Marrocos, já viu de tudo, conhece muita coisa e, portanto, não há nada que ele não saiba. É capaz de estar a falar trinta minutos de seguida em monólogo e não ligar minimamente ao que os outros têm para dizer, uma vez que só se ouve a ele próprio.

O sr. Marques também se especializou no miranço de jardins. Aproxima-se dos jardineiros da câmara, dá os bons dias, pergunta o que estão fazer ao jardim, e começa logo a lançar os seus sábios bitaites, desenterra uma histórias da sua juventude recheada de feitos heróicos e inalcansáveis para a novas gerações que são todos uns maricas de merda. Herbicidas, pesticidas, adubos e por aí fora ele está por dentro de tudo isso.

De vez em quando apanha alguém que não gosta destas intromissões e há discussão da grossa, com insultos e ameaças tipo “agarro-te aí pelo pescoço que tu vais ver o que é bom, ó meu grande cabrão!” ou “incompetente de merda!”.

Para ele, um Salazar é que tinha remédio para esta porcaria toda que anda por aí. Punha tudo a funcionar como deve ser e não havia mama para ninguém, como no seu tempo. Era preguiçosos para a estiva, ladrões a limpar matas e a arranjar estradas, croatas, ucranianos, pretos e brasileiros para a terra deles e acabava-se a rebaldaria.

É assim o sr.Marques – o mestre do miranço e do bitaite.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Long Live George Best




Homenagem a um dos melhores jogadores de futebol de sempre - George Best morreu hoje.

Viva George Best !

quinta-feira, novembro 24, 2005

Já Perdi O Teu Voar

O Conselho da Europa (CE) anunciou ontem a abertura de uma investigação formal sobre os alegados suspeitos de terrorismo islâmico detidos e transportados de forma secreta pela CIA na Europa, para fins de tortura.

As investigações ou pedidos de explicações sobre alegadas escalas de aviões da CIA estendem-se já a países como a Dinamarca, Finlândia, Noruega, Islândia, Áustria, Suécia ou Portugal.

Além das notícias divulgadas desde o início deste mês, a ONG americana Human Rights Watch (HRW) acusou a CIA de ter estabelecido prisões secretas na Europa de Leste, mais concretamente na Polónia e na Roménia. Este país, ainda um candidato à adesão à União Europeia, assegura desde há uma semana a presidência do CE.

Há "indícios sérios" sobre a existência de prisões secretas da CIA em solo europeu. Um artigo recente do jornal The Washington Post falava em seis países da Europa de Leste, na Tailândia e no Afeganistão.

Informações sopradas do interior da própria CIA dizem que as ordens partiram de Dick Cheney e de Donald Rumsfeld.

Face a alguns desmentidos do governo português, o PCP obteve através da net fotografias de um avião que esteve no no aeroporto Sá Carneiro (Porto) em Abril deste ano. Estas fotos foram obtidas por "spotters"- actividade de tempos livres que consiste em fotografar e registar os aviões que passam pelos aeroportos (www.airliners.net).

Aguardamos novos desenvolvimentos.

quarta-feira, novembro 23, 2005

segunda-feira, novembro 21, 2005

The Bobs

O Blog Tupiniquim, feito por portugueses, venceu a categoria de "Melhor Blog do Mundo" do concurso THE BOBS (The best of the blogs), organizado pela Deutsche Welle. Este prémio corresponde à votação do público.

O endereço é: http://indios.blogspot.com e fala sobre questões dos povos indígenas.

Quanto ao blog escolhido pelo júri, o prémio foi atribuído ao espanhol "Mas respecto que soy tu madre" (http://mujergorda.bitacoras.com ) que é uma espécie de novela sobre uma familia argentina.

sábado, novembro 19, 2005

Ele Não Estava Realmente Onde Estava





Como um completo desconhecido, ele não estava realmente onde estava mas noutro lugar longe dali.

Invadiam-lhe a pessoa com coisas maradas e despropositadas, parecendo parasitas sem rumo à procura de um messias para os tempos modernos, um salvador que com a sua palavra iluminasse e explicasse o mundo às pessoas.

Era um tipo como qualquer outro que por cá andava a fazer pela vida e a lutar por um sonho seu; a cumprir o seu percurso individual de cantar a poesia musicada, como há muitos anos outros vinham fazendo, cada qual com sua própria interpretação das tradições, seus desenvolvimentos e ramificações.

Procurando o seu caminho e lutando contra os seus próprios moinhos de vento.


LiKe A Rolling StoNe

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segunda-feira, novembro 14, 2005

Noite & Cidade


Sobe a rua uma estranha figura
pela calada da noite fria
pára e crava um cigarro
à porta da pastelaria

Vai sem pressa mas decidido
embora não o pareça
dá uma passa profunda
que alivia a cabeça

Enfia depois por uma viela
subindo outravez
os olhos piscam no escuro
brilham de embriaguês

Ao longe soam sirenes
que denunciam o horror
ele encosta-se ao balcão e
pede uma cerveja se faz favor

Incógnito na noite
bebe três de seguida
e retoma a caminhada
entretanto interrompida

Pela postura não se adivinha
exibe uma calma insuspeita
as ruas são a sua casa
a morte é a sua companheira

domingo, novembro 13, 2005

Quem Controla Quem nos Controla?



Actualmente, e desde 1988, a rede mundial da internet é administrada pela Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), um organização de direito privado sem fins lucrativos, submetida à lei californiana e colocada sob o controlo do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. A ICANN é a grande controladora da rede.
Baseia-se num dispositivo técnico constituído por 13 poderosos computadores, denominados "servidores raiz", instalados nos Estados Unidos (quatro na Califórnia e seis próximos de Washington), na Europa (Estocolmo e Londres) e no Japão (Tóquio).

A principal função da ICANN é coordenar nomes de domínio (Domain Name System, DNS) que ajudam os usuários a navegar pela Internet. Cada computador ligado à Internet possui um endereço único chamado "endereço IP" (endereço de Protocolo Internet). No princípio, estes endereços IP eram séries de números difíceis de memorizar, mas o DNS permite utilizar letras e palavras mais familiares (o "nome de domínio"), ao invés de números.

A principal função da ICANN é coordenar nomes de domínio (Domain Name System, DNS) que ajudam os usuários a navegar pela Internet. Cada computador ligado à Internet possui um endereço único chamado "endereço IP" (endereço de Protocolo Internet). No princípio, estes endereços IP eram séries de números difíceis de memorizar, mas o DNS permite utilizar letras e palavras mais familiares (o "nome de domínio"), ao invés de números.

O domínio dos Estados Unidos sobre a rede mundial é cada vez mais contestado. O desacordo tem uma dimensão geopolítica. Num mundo cada vez mais globalizado, onde a comunicação se converteu na matéria-prima estratégica, onde explode a economia do imaterial, as redes de comunicação cumprem uma função fundamental.
O controlo da Internet concede ao poder que o exerce uma vantagem estratégica decisiva. Tal como no século XIX, o controlo das vias de navegação planetárias permitiu à Inglaterra dominar o mundo. A hegemonia dos Estados Unidos sobre a Internet confere teoricamente aos Estados Unidos o poder de limitar o acesso a todos os sítios da Rede em qualquer país. Pode bloquear o envio de todas as mensagens electrónicas do planeta.
Até ao momento nunca o fez. Mas tem a possibilidade de o fazer. E esta simples eventualidade é motivo de extrema inquietação para muitos países . De modo que chegou o momento de reclamar que a ICANN deixe de depender de Washington e se converta, finalmente, num organismo independente sob a supervisão das Nações Unidas.

Texto “O controle da Internet” de Ignacio Ramonet

sexta-feira, novembro 11, 2005

quarta-feira, novembro 09, 2005

La Revolution...








É a palavra mais escutada nas zonas periféricas de Paris: racaille. Em português, significa qualquer coisa como "escumalha", e foi essa palavra, publicamente proferida por Nicolas Sarkozy a propósito das primeiras noites de violência nos subúrbios parisienses, que está a ser utilizada como alavanca moral para justificar os motins em França.


Os acontecimentos destes dias tornaram evidentes duas coisas: por um lado, o governo francês carece de uma ideia clara de como enfrentar a crise, e pelo outro o conjunto do mundo rico e desenvolvido que concebeu, gerou e impôs esta desordem global injusta e polarizada, geradora de migrações, está minado por conflitos em potência como o que agora sacode a França.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Os Passarinhos Engripados


Contra tudo o que seria cientificamente prudente, a população mundial tem vindo a ser bombardeada e alarmada relativamente ao perigo iminente de um vírus maligno que poderá ser transmitido aos humanos por aves infectadas provenientes do Vietanme e de outras zonas da Ásia e contaminar a maioria da população do planeta. Como exemplo das proporções que isto poderá atingir citam a pandemia de gripe de 1918, em que terão morrido cerca 18 milhões de pessoas.

No dia 1 de Nov., George W.Bush anunciou a sua estratégia para fazer face a esta crise e disse que o plano está em preparação há um ano. Em 28 Out. o Senado tinha aprovado uma verba de 8 biliões de dólares que irão directamente para os cofres das farmaceuticas que irão disponibilizar o medicamento, sendo a maior delas o gigante suíço-americano Roche.
O único medicamento conhecido que poderá combater a gripe ads aves é uma droga chamada "Tamiflu", cuja patente pertence à Roche.

Devido ao pânico promovido pela comunicação social a Roche não consegue dar resposta às encomendas e o medicamento não irá chegar a tempo para a maioria das pessoas. Recentemente, o congresso americano propôs à Roche que abdicasse dos direitos de comercialização e fosse permitido a outras marcas a produção e venda do "Tamiflu", mas foi recusado com a argumentação de que a complexidade da sua produção não permite tal coisa em tão pouco tempo (?).

No entanto, a verdadeira curiosidade é que o laboratório da Califórnia(Gilead Sciences Inc.) que desenvolveu e cedeu os direitos à Roche, ter tido como um dos seus altos dirigentes, entre 1988 e 2001, o actual Secretário da Defesa dos EUA Donald Rumsfeld. O grande impulsionador da invasão do Iraque, prepara-se agora para dar a ganhar fortunas à sua antiga empresa, tal como Dick Cheney deua ganhar à sua Halliburton com os contratos da reconstrução do Iraque. É o mesmo modus-operandi.

Coincidências ou não?

Poderemos estar perante uma forma de funcionamento da corrupção ao mais alto nível político, e que alguém definui como "Concentrar os lucros, expandir os custos" ?

G.Bush ordenou a compra urgente de 2 Biliões de "Tamiflu".

Mas, o "Tamiflu" é apenas a ponta do icebergue
.
Estão em curso, na Grã-Bretanha e nos EUA, experiências com galinhas geneticamente modificadas e cujo objectivo é vir a substituir toda a população mundial de galinhas por outras resistentes ao vírus H5N1 e a outros. Segundo os cientistas britânicos esta tarefa levará cerca de 4/5 anos.

Para já há apenas uma certeza: toda esta saga da gipe ads aves é algo cuja dimensão ainda está por entender e o que se sabe não augura nada de bom.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Apontamentos Diários


Hoje parti a última chávena do serviço de café dos camelos que durou nove anos. Paz à sua alma.
Ir ao Feira Nova também tem que se lhe diga e é uma verdadeira armadilha. Uma pessoa vai com a ideia de comprar um secador de cabelo para a esposa, já que o velho foi para o lixo porque da última vez que o utilizou começou a cheirar a queimado que impestou toda a casa, mas vem sempre de lá com mais qualquer coisa e menos dinheiro no bolso.

Devia haver um aparelho ou qualquer coisa anti-compras fúteis para uma pessoa se evitar. Mas, enfim...por entre o que não faz falta acaba por vir alguma coisa que se aproveita. E, desta vez, para além do pão e dos bolos para enfardar, trouxemos o livro do H.Potter e o das entrevistas ao Manu Chao, chamado "Destinación Esperanza". Desde junho que andava atrás dele, até o queria levar para a Rep.Dominicana mas o moço da livraria Bocage ora me dizia que ainda não tinha saído, ora que vinha dali a três dias, ora que isto e aquilo e mais não sei quê...Também não estive para ir a Lisboa comprá-lo e, assim, foi ficando adiado e quase esquecido até que hoje no escaparate do F.Nova lá estava ele a olhar para mim!

Tomei conhecimento com a música do Manu Chao a solo (já o conhecia dos Mano Negra) numa ocasião em que fomos a Badajoz e comprei uma revista espanhola de música que trazia um cd de oferta com artistas latino-americanos, onde vinha o tema "Mentira". Fiquei boquiaberto e, mais tarde, assim que vi o album "Clandestino" na fnac- tumba!- comprei logo. Passou a ser um dos meus favoritos porque a sua música é simples, directa, interventiva, questiona, denuncia e aponta caminhos de liberdade como pouca música hoje em dia. Além disso recupera sonoridades populares que já conhecemos que algum lugar, mas não sabemos precisar, mas também outras mais actuais e o resultado final é muito bom.

Hoje é o dia de "Todos os Santos/Finados/Mortos", como lhe quiserem chamar e veio-me à mémoria uma velha canção dos Mão Morta - "1º de Novembro" que falava em procissões, romarias e queridos defuntos.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Avian Flu

We bring to the attention of Global Research readers this important commentary by Dr.Joseph Mercola.
The fundamental issue is who owns the intellectual property rights over Tamiflu. The media reports suggest that the Swiss pharmaceutical company Roche will make billions. While the drug is produced by Roche, it was developed by Gilead Sciences Inc.which owns the intellectual property rights. Gilead, which has maintained a low profile, has outsourced the production to Roche.
Donald Rumsfeld was appointed Chairman of Gilead Sciences, Inc. in 1997, a position which he held in the years prior to becoming Secretary of Defense.in the Bush adminstration. Rumsfeld had been on the Board of Directors from the establishment of Gilead in 1987. As confirmed in a company press statement in 1997, Donald H. Rumsfeld assumed the position of Chairman, of GILEAD: : "Gilead is fortunate to have had Don Rumsfeld as a stalwart board member since the company's earliest days, and we are very pleased that he has accepted the Chairmanship," Dr. Riordan said.
"He has played an important role in helping to build and steer the company. His broad experience in leadership positions in both industry and government will serve us well as Gilead continues to build its commercial presence."

quinta-feira, outubro 27, 2005

Rosma, Texas (Continuação)

O Abel reuniu uma matilha de bandidos do pior que se poderia imaginar: Os Calabois, o Cassapo, o Paneta, o Miau, o Vaquinhas, o Tó Pingaroto, o Carlos Caguíta e os Pecados (Sérgio e Quim). Passavam os dias no café do Zé do Leite, que era também o motorista da Rodoviária e deixava a mulher e o filho a tomar conta do estabelecimento durante o dia. Este sítio era o centro da malta nova naquela época (ainda hoje existe, mas perdeu importância) e até organizava bailes no piso de cima. Bebiam-se uns copos na esplanada, jogava-se aos matraquilhos, ao snooker e ia-se até à capela de S.Roque para se fumar qualquer coisa, tocar umas guitarradas, ouvir os UHF e os Pink Floyd num gravador portátil e voltava-se ao café...era um constante ir e vir. Os que tinham mota faziam as suas exibições e recebiam aplausos e vivas, os outros curtiam na mesma, cada um à sua maneira.

O Zé do Leite fartava-se de facturar e certa vez fez lá um baile da vassoura. Este baile consistia em que um gajo tem uma vasoura na mão enquanto os pares de sexo oposto vão dançando, depois tem que entregar a vassoura a outro gajo e ficar ele a dançar com a miúda. Quando acabava a música aquele que estivesse com a vassoura pagava uma rodada à malta.
Estava o Carlos Caguíta a dançar com a Marimôlha, que era irmã do Vaquinhas, e a música "Je t´aime mois non plus", introduzida no Texas por um emigrante franciú, tinha qualquer coisa que dava logo umas vontades do caraças de ir para trás da Igreja arrenfinfar numa gaja. O Caguíta começou a alambazar-se com a Marimôlha e ela, como era uma rebarbada feia e malcheirosa que morava no campo e só vinha à terra ao fim de semana, estava a gostar da cena. Era piropos ao ouvido, sorrisos marotos, mãos deslizantes e assim...
O Vaquinhas e o Abel aparecem no baile com uma cadela nos cornos que mal se tinham em pé, de cervejas numa mão e cigarro noutra, troncos nus e blusões de ganga sem mangas a dizer Hell´s Angels atrás e umas trunfas até meio das costas que se viu logo que aquilo ia dar espiga. Para mais estavam a abusar da irmã do Vaquinhas. Então, o Abel tira a vassoura das mãos do Joaquim Caixote e vai entregá-la ao Carlos Caguíta para assim acabar com a cena que já envolvia linguados e tudo. O Carlos começa a discutir com o Abel, de repente a música é interrompida e vê-se o Vaquinhas com a coluna de som na mão e atira com ela à cabeça do Joaquim Caixote que tinha aproveitado a deixa e dançava agora com a Marimôlha. Este ao ver o sangue a escorrer-lhe pela cara pega numa grade de cervejas vazias e acerta com ela no Vaquinhas que cai no chão. Gera-se uma grande confusão, vêm dois GNRs que estavam de serviço e bebiam umas minis no piso de baixo, acabam com o baile e levam o Caixote e o Vaquinhas ao posto para interrogatório.

Entretanto a cena acalma e a malta dispersa. Mais tarde, já dispensado pela GNR o Vaquinhas vai ter com o Abel e este vai a casa buscar a caçadeira, dirigem-se a casa do Carlos Caguíta, que tinha o seu quarto no piso de cima e exigiam que este aparecesse à janela para falarem com ele. Mas ele nada, não havia meio de aparecer. Fartando-se de lhe chamar nomes insultuosos, o Abel prega com dois cartuxos na janela que arrebentaram com os vidros, de seguida abre-se a porta da casa e quem se mostra é o Ti Artur, o pai do Carlos que não estava lá porque tinha fugido com medo para a serra e viria a aparecer uns dias mais tarde e com a condição de pagar uma grade de cervejas. Ora o Ti Artur só não andava bebado quando estava a trabalhar no campo a guardar ovelhas e, estando em casa, tinha uma camada que não dizia coisa com coisa. A malta deu de sola, mas o homem ficou com uma fúria tremenda que pegou na caçadeira deu três tiros para o ar e rebentou com um cabo de electricidade daqueles grossos que a aldeia ficou dois dias sem luz. Acabou também por ir ao posto abrir ficha.

Foi o último baile da vassoura que se fez no café do Zé do Leite e desde aquela altura limitou-se a ser apenas um simples café com uma salinha de jogos e pouco mais. Mas a aldeia começou a ficar conhecida por Texas, devido às coboiadas e terror que o grupo do Abel protagonizava e até apagaram o verdadeiro nome da placa que estava à entrada da localidade e escrevam em grandes letras pretas "Texas".

Mais tarde, já nos anos 90 a mesma aldeia viria a ser conhecida por Kuwait, mas isso é uma outra história.

Rosma, Texas

Existe um filme chamado "Paris, Texas" do W.Wenders, que eu adoro...mas antes mesmo deste filme ter sido feito e conhecido, já existia cá em Portugal, na beira baixa, um lugar chamado "Rosma, Texas".
Para aí no inicio dos anos 80, nos tempos do boom do rock tuga, da malta e das gajas da grande Lisboa que passavam lá as férias, das festas de verão na aldeia com porrada todas as noites, com GNRs mais bebados que os Calabois (uma família de três irmãos que só faziam merda), em que a primeira discoteca que abriu na zona era noutra aldeia, que ficava para aí a uns 20 kms pela estrada ou 7/8 kms a corta-mato, o Abel, que foi da minha turma e morava ao lado da minha avó Joana, era o maior mafioso, bandido, bebado e drogado daquelas paragens. Até roubava as próprias irmãs e a avó. O Hell Angel daquele lugar. Foi o primeiro a aparecer com motas mais rápidas e modernas, tipo de moto-cross e assim.

O Abel, começou a ir a Espanha abastecer-se de ganza, heroína e comprimidos e num instante toda a malta aí com cerca de 13, 14, 15 anos ficou agarrada às drogas, principalmente ao cavalo. O ambiente andava de cortar à faca, essa malta não tinha dinheiro e não queria bulir, os velhotes começaram a ser assaltados, ficaram borrados de medo...

Continua----

quarta-feira, outubro 26, 2005

O Tripas

Nos meus tempos de escola primária, havia lá um colega que era conhecido pela alcunha de Tripas. Esta alcunha já vinha do pai e não sei a sua origem.
Ora o Tripas era um tipo curioso...era maluco por motas mas não tinha nenhuma porque não podia comprar. Mas deliciava-se a apreciar as que via passar: Zundaps, Famel , Casal Boss, etc.
Ele invejava especialmente a Famel do Senoca; uma máquina ruidosa que não dava sossego às velhinhas à noite. Escape preso por arames, assento gasto, uma fumarada do caraças a sair do escape ruidoso, sem faróis e capacete nem vê-lo. O Senoca era o motoqueiro solitário da terra que vinha do campo montado na sua Famel a fazer cavalinhos e razías às velhas que encontrava. O Tripas passava-se com esta cena do tipo western, em que o herói solitário aparecia no horizonte cheio de estilo apenas com 14 anos e frequentando ainda a quarta classe. Era o aluno mais velho da escola e o recordista de chumbos. Ela não tinha cabeça para aquilo, a sua vida era a mota, guardar porcos e ovelhas e não tomar banho, a não ser quando havia algum casamento.
O Tripas teria para aí uns 8 anos e, ao ver esta cena, levantava a perna direita, engatava a sua mota imaginária, dava umas três aceleradelas ainda parado e arrancava a toda a velocidade. Fazia uns cavalinhos, umas curvas inclinadas e encostava a máquina ao muro da escola e ia para as aulas desenhar motas nos cadernos e a borrifar-se para o que a professora ensinava.

A malta fartava-se de gozar com o gajo a toda a hora, mas ele continuava naquilo e não levava a mal a brincadeira; para ele tinha mesmo uma mota de verdade e nós eramos parvos porque não percebíamos. Então, mandava o pessoal à merda e arrancava rua abaixo imitando e Senoca nas razías às velhas e aos bebados que encontrava e lhe chamavam "filho dum corno do garoto!".

Certo dia, estavamos na primavera e fazia algum calor, conversa para aqui conversa para ali, a malta resolve ir às abelhas. Ir às abelhas não era para os mais maricas, exigia coragem e maluquice. Os que iam ficavam a uma certa distância das colmeias e, assim que avistavam um enxame delas, pirava-se em passo de corrida. Mas o Tripas não tinha problemas e aceitou a aposta do Senoca: dar uma volta na sua Famel se conseguisse enfiar a cabeça dentro da colmeia. Pensava-se que o gajo ia recusar, mas ele ficou aos pulos de contente e aceitou logo o desafio. Então, enfiou lá a cabeça enquanto a malta se afastava lentamente. Era só abelhas à volta e já não se via nem a cara nem a cabeça do Tripas. Vendo que aquilo ia dar dar merda, a malta deu à sola dali e foi esperá-lo na rua dele. Até que ele aparece montado na mota imaginária e aos ais pelas ruas, as pessoas a virem às portas e janelas ver o que se passava, que desgraça teria acontecido?. Aparece a mãe dele aos gritos "ai meu filho que te fizeram mal!!..." "filhos dum corno que levam com o castigo de Deus!"...
O Tripas teve que ser levado de urgência para o hospital porque a sua cabeça ficou do tamanho de uma abóbora, os olhos, bochechas, lábios, orelhas tudo inchado que metia medo. Ficou lá uns três dias internado e começaram a chamar-lhe Cabeça de Colmeia e ele dizia que o inchaço era o capacete novo que tinha arranjado.
Entretanto, apesar de ter ganho a aposta não foi possivel andar na Famel porque o Senoca se tinha estampado com ela contra a parede da capela de S.Pedro e agora andava a penantes ou de burro quando a deslocação era para mais longe.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Os Três Efes

Curiosidades:

- A direita americana define-se em 3 fs - Faith, Family e Flag

- Também o fascismo português tinha o Fado, Futebol e Fátima

-Portugal está em crise

- Hoje apresentaram o Orçamento de Estado (OE) para 2006 e logo avisaram que vão continuar a enrabar a malta, e a malta vai deixar que estamos na paz do Senhor

- Cavaco já vem no O.E.

- Aumentos vão ser muitos, por exº tabaco, combustíveis, and so on...

- O apresentador tinha cabelos brancos, seria um anjo caído ?

- O fosso entre ricos e pobres vai aumentar

- A taxa de abandono escolar em Portugal é de 40,4%

- Média europeia é de 15,9%

- Venda de carros de luxo em Portugal aumentou 3% em 2004

- Lucros da Santa Casa da Misericórdia subiram 24,7% em 2004

Poemarama

A notícia foi para o ar
a notícia espalhou-se
alguém se queimou
outro não notou
apenas ouviu falar
não conhece detalhes
parece tudo igual
está tudo mal

A cidade acordou
outro não se levantou
o céu fez-se azul
assim como o mar
a música começou
agora está melhor
a alegria soltou-se
próxima do mar
ninguém se comoveu
quando o poema se leu
não era caso para tanto
mas teve o seu encanto
tudo tem o seu momento

E já agora
toma as chaves e vai andando
e espera por mim que estou quase a acabar a cerveja que me pagaram e assim até sabe melhor...
Adeus, vou mijar!

Bacus Maximus

Ergue-se a noite sobre os corpos

domingo, outubro 16, 2005