segunda-feira, outubro 22, 2007

FIM


O tudo que dá em nada...

Pinhacolada produções caseiras, Lda.

segunda-feira, outubro 15, 2007

País: Portugal

O título é de um tema da Banda do Casaco, do álbum "Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos", gravado em 1977. Passaram 30 anos. Terão mesmo passado?

(...)
Portugal de capital Lisboa
é pena capital pena seres apenas
a cabeçorra gigantesca e mal pensante
que nasce entre as pernas do Tejo
é pena capital pena que em ti
se escrevam os livros da incultura
que em ti se diga a liberdade
em bocas libertinas

Portugal
país fardado à força
país forçado à farda
país fadado à forca
(...)

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Temos o fisco com a dita dura
perante o mais fraco e cumpridor
e com a dita mole
perante os cabeças grandes que controlam
nada disto nos espanta
é certo e sabido
mas há quem goste e aprove
serem sempre os mesmos os fodidos
fode o rico e o pobre
fode quem pode e não quem quer
para que uns fodam outras são fodidos
há sempre quem se foda melhor

Se a coisa anda mole
que ninguém se atrapalhe
há poder na língua e na mão
sempre houve e há-de haver

sonhei que um dia
começaremos de novo a pensar
e deixaremos de ser fodidos
e passaremos nós a foder

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no baixo alentejo

Ao cair da noite aparece-me uma lebre no meio da estrada. Mato ou não mato, eis a questão. A gaja ziguezagueava à frente da viatura, completamente desorientada, enquanto os três putos se desmanchavam a rir; o mais pequeno até dizia que a lebre estava a dançar para nós. E de facto parecia que dançava! Ora virava para a esquerda, ora virava para a direita, depois dava mais uns passos e voltava a virar...Mato não mato, dou-lhe com os máximos mas abrando e mantenho a velocidade reduzida até que o animal sai da estrada e desaparece no escuro. Pensei que seria comida a mais para o dia seguinte; pois se já havia dois borregos e um porco à espera de serem comidos. Já era matança a mais. Mas parece que fiz mal, pois toda a gente me disse que devia ter-lhe passado por cima e que aquilo dava bom petisco. Opiniões.

quarta-feira, outubro 10, 2007

no baixo alentejo

Sexta à tarde abalámos directos ao baixo alentejo. Adorei não ir pela auto-estrada. Saímos ali na marateca e enfiámos na nacional, para poupar nas portagens e ver belas paisagens e pessoas. Havia pouco trânsito e deu para apreciar e reviver o canal caveira, a mimosa, aljustrel e castro verde pela tardinha. Depois entrámos no pior pedaço de estrada que fiz em muitos anos: entre castro verde e a aldeia de são marcos da atabueira, a estrada continua até mértola e disseram que melhora lá mais para a frente, e também disseram que as obras estão para breve.

São marcos da atabueira é uma aldeia que, contrariando a tendência geral nesta zona, tem muita gente nova e muitos putos pequenos. É verdade. Há um parque infantil, as ruas estão sempre limpas, têm gente, umas famílias de ciganos montaram tendas junto à aldeia, têm um clube de futebol, com campo e ringue, vai-se ao café à noite e há pessoal a conversar nas calmas, a dar uma mirada num filme americano que passa na tv cabo...
Servem aqui uns tirinhos (uns copos minúsculos) de medronho, que caem muito bem a seguir a uma dose dupla de bacalhau com natas feitos na famosa máquina bimby. E vai-se ao que lá se chama o café do centro, que ali se situa nas instalações da junta de freguesia. Esta ideia de centro existe em várias aldeias da zona e é muito mais que um café: é o centro da localidade, onde as pessoas se reunem para algum assunto importante que diga respeito à vida comum, para actividades lúdicas e artísticas, beber copos, ver a bola, etc... Àquela hora o centro estava quase a fechar, mas como aparecemos lá uns cinco eles já não fecharam e nem ficaram chateados por causa disso, o rapaz até meteu um dvd dos metallica com a orquestra, ficámos a conversar e foi chegando mais pessoal, uns jogaram às cartas, outros snooker e outros beberam mais uns medronhos. Só que este medronho não era tão bom como o do café do chico, mas também não era de deitar fora.

Mais tarde fomos visitar a padaria, onde fazem o pão que carregavam em carrinhas para dali a umas horas abastecer vários locais de beja. Ao sábado vendem o pão todo. É um pequeno negócio familiar. Lá teve que se beber mais uma cerveja e fumar-se uma cigarrada ao luar, perante o olhar pachorrento do cão de guarda que se aninhava para dormir. Falámos sobre uma autocaravana que estava ali nas traseiras. Fora ali parar por obra e graça de um moço ucraniano, que chegou lá a viver, só que agora teve um acidente numa obra e actualmente está no hospital de beja um bocado mal. Tinha a porta aberta e fomos ver lá por dentro. Era muito confortável e espaçosa, equipada com tudo o que tem uma casa normal. Tinham tentado arrombar uma janela e o ucraniano pediu para a deixarem ali ficar.

O longe ouvia-se o motor de uma mota a romper a calmaria da noite na planície...