quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Mal-Amados

-A propósito de Zeca Afonso-


Assim como noutros países, alguns músicos/compositores são reconhecidos, não só pela sua obra musical, mas também pela poética das canções, cá em Portugal qual é o caso que se assemelhe a isto?
Onde é que se vê nós darmos valor aos que fazem obra nesta ocidental praia lusitana? Parece que temos vergonha daquilo que somos e não abordamos a nossa própria vida em forma de arte.

Penso nestas merdas no vigésimo aniversário do cantautor Zeca Afonso. O homem foi um génio. É preciso afirmá-lo. Agora, porque defendeu certos ideais ou teve determinadas psoições políticas durante a sua vida, nós não devemos ser preconceituosos nem complexados, e muito ignorar as preciosidades de uma obra que tão variada, inovadora para a época, que divulgou muito da nossa diversidade e riqueza cultural, mas que ao não ser muito apreciado se perde no tempo e não influencia novos autores, que poderiam apontar novas direcções na produção cultural do país.

Ouço na rádio muita coisa parecida com o que vem de Londres ou Nova Iorque-e eu gosto de muitas coisas que vêm de lá-, seguem um determinado modelo, um estilo que já vem formatado e que é depois apenas reproduzido por cá. É um facto. E já cansa. Como diz o Sam The Kid, há alguma preguiça nisto tudo. Mas também não é possível serem todos óptimos desde que se esforcem. Hoje há mais qualidades técnicas, o que facilita, mas o talento não se cria numa fábrica de novas tecnologias. Ele nasce com as pessoas. E o talento nasceu e viveu em Zeca Afonso. Foi uma pena que tenha morrido tão cedo, porque com os novos meios que teria tido à disposição, tenho a certeza que teria feito coisas únicas.
O homem devia ser estudado nas universidades, ouvido na rádio, falado nos jornais, discutido, escutado em casa com atenção e devia influenciar novas gerações. Uma vez o Pablo Milanês disse que o Zeca era tão bom como um Bob Dylan, só que teve o azar de ser português. Parece que se tem vergonha. Assim é uma ponte, uma ligação que se perde. Ficamos mais pobres.
Mas tenho alguma esperança que isso irá acontecer mais dia menos dia, até por saturação de certos modelos com que nos massacram. Há coisas que cansam…

Foi uma bela noite com a Brigada Vítor Jara, no dia 23 no AMAC . Tocam há 30 anos, já tiveram várias formações, mas eu nunca os tinha visto. Bonita homenagem com “Venham Mais Cinco”e especialmente “La Gitana”. Final festivo com aquela algarviada marafada. Fui pela primeira vez ao Auditório. A sala é boa. Mas gostei mais da sala do Fórum José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira, é muito mais acolhedora e proporciona uma certa intimidade nos espectáculos. Vou ver se consigo lá ir aos próximos concertos.

P.S. - O blogger vendeu-se ao google e este mandou-me introduzir de novo alguns dados, criar um mail e mais a puta que os pariu. De início recusei-me mas, como já não dava para postar mais, lá fiz o frete. tudo tem um preço, não é verdade?

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Zeca 20 Anos


Utopia

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

In Consultórios Íntimos

(Capa de um disco, com pinta de anos 70, bastante arrojada. Claro que nunca ouvi a música, mas pelo que se vê, arriscaria dizer que o estilo deve ser Porno Soul).


Andei a dar uma olhada nas revistas que custam 0.65 cêntimos.


"Quero soltar gemidos mas tenho vergonha do meu parceiro".
P.L., Olhão.

"Quero fazer um filme porno".
T.L., Porto.

"Tenho medo de sufocar, quando ele ejacula na minha boca fico com falta de ar".
F.S., Cascais.

"A vagina dela é muito estranha..."
Luís, Faro.

(in revistas: Maria, Ana, Tvguia Novelas e Telenovelas).

A dra.Maria Morais, o dr.Gabriel Frada, a dra.Elisabete Sequeira, entre outros, respondem às questões colocadas.

Há anos que me questiono se é mesmo verdade que existem pessoas que enviam para lá estas dúvidas sobre a suas vidas íntimas. Não será tudo inventado por quem trabalha para as revistas? Tipo jovem jornalista a dar os primeiros pasos e a ter que aceitar uma charutada destas para ganhar a vida. Onde é que um gajo vai arranjar inspiração para escrever estas coisas?
Porra...!

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Sabrina - Boys

Videoclip histórico dos 80´s.
Um verdadeiro clássico.
Moça de vastos atributos a fazer lembrar o verão. Aqueles saltinhos na piscina entusiamaram muita malta naquele tempo. Ainda não havia o canal 18, nem tv por cabo, e enquanto não vinha a última novidade do videoclub da Prolar curtiam-se as mamas saltitonas da Sabrina, esperando encontrar uma qualquer Sabrina na próxima excursão à praia.
Houve até alguns que, à falta de melhor, paparam duas gajas feiosas e rebarbadas da Fonte do Feto, mas possuidoras de airbags tipo Sabrina. Foi no Portinho da Arrábida. Um deles elogiou o colar de uma das moças e antes que acabasse a frase já ela tinha enfiado a língua pela sua boca. Foram para trás das rochas tratar do assunto. O gajo era o Kevin, como não podia deixar de ser.
Foi gozado até mais não.

Eurodisco, era como chamavam a estas produções.
Que será feito dela?

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Luz & Sombra



Finalmente!
Um pouco de luz.
Século XXI.
A mulher poderá decidir.
Era aqui neste ponto que os do "Não" sentiam comichões por todo o corpo. A mulher ser dona de si própria e não de uma doutrina, moral, convenção ou outra qualquer imposição. Sem pena. Sem culpa. Em Liberdade.
Século XXI.
Mas como somos portugueses, as coisas ainda não ficam resolvidas. Parece que era preciso uma maioria de votantes. E a maioria deve ter tido coisas mais úteis e importantes para fazer num dia de chuva molha-parvos. Ou então ficaram de tal forma indecisos, ou com receio de tomarem uma posição clara (ai o castigo divino!) de "Sim" ou "Não" e NIM foram votar. Somos um pouco assim: temerosos de tomar uma posição; por isso contornamos as coisas e andamos às voltas. Daí tantas rotundas espalhadas por Portugal. Adoramos contornar.
Fica tudo nas mãos do Cavaco, diz o Correio da Manhã. Olha quem! Tá bem entregue, tá!

***

Na semana fomos presenteados com a ilustre visita do ex-eleito em 2000 para governar os EUA, mas que...bem, não interessa. O Al Gore anda a ganhar pipas de massa com palestras pelo mundo inteiro e, como vinha a Espanha, toca de pagar para ele dar cá um saltinho de umas horas.
O que ele diz não é novidade para os mais atentos. Tem-se elogiado que como se trata de alguém conhecido internacionalmente poderá chamar mais a atenção para os problemas do ambiente. Sem dúvida. Mas não o faz desinteressadamente. E só para as elites, ao que parece. Lá estavam eles babados comendo o croquete da ordem, nas imediações um parque automóvel de alta cilindrada e com motorista pago, pois claro!
Cá fora, os simples cidadãos não puderam assistir a uma palestra cujo assunto interessa a todos, os jornalistas foram barrados, porque aquilo está tão programado, que é mais do tipo pop-star em digressão a promover o seu último disco de canções apelativas. E poderiam ser tentados a criticar qulaquer coisinha, ou a fazer perguntas aborrecidas. Que maçada!
A nata da nossa sociedade fez belas declarações, que sim estão muito preocupados com o nosso planeta, com o futuro e tal.
Balelas! Estão-se a cagar!
São os mesmos que, por esse mundo fora, detêm cargos de poder e decisão os maiores responsáveis pela situação negra que se avizinha. Porque é a selvajaria do lucro a qualquer preço que está destruir o planeta. E os políticos baixam a calças aos senhores do dinheiro e mais nada. Ganham a sua vidinha e têm emprego garantido no mundo da alta finança (ou fanança, sei lá!).
Vão mas é cagar à mata!

***

Também se fez a 1ª Mostra de Cinema e Vídeo Lusófono, no Fórum José Figueiredo, e o balanço foi francamente positivo. Se bem que a participação das gentes tenha ficado aquém do esperado, os que foram gostaram bastante. Há que começar por algum lado e os dados estão lançados. Agora o boca-a-boca encarregar-se-á de difundir o que se viu. E talvez alguns desenvolvam ideias inspirados no que viram. Nunca se sabe. Espero que sim.
Infelizmente não assisti ao último dia.
Para mim o melhor, com 5 estrelas, foi:
"(R) Evolução"- É sobre uma cena que está a acontecer aqui e agora e em processo de evolução constante desde há uns anos a esta parte. Lisboa como um cruzamento de culturas, sons, palavras, formas de sentir, dançar, odiar, amar, protestar, e tudo o mais, é um facto. Produzir algo a partir daqui e não apenas receber coisas embaladas e prontas a consumir. Desde a raíz rumo ao futuro. Mas atenção: as nossas entidades, editoras, agentes de espectáculos e por aí fora, ainda não acordaram e não sei se acordarão algum dia para o fenómeno. Mas o produtor francês Galliano já editou um cd com a cena kuduro angolana, e concerteza que os franceses irão rentabilizar a coisa. Os Buraka Som Sistema deram um passo em frente ao integrarem os ritmos deste género na cena electrónica. Foi a melhor coisa que aconteceu por cá nos últimos tempos. Uma lufada de ar fresco.

Também gostei muito de "Vinicius"(que vida de desbunda! que poeta!) , "Quintal do Semba" e "Histórias da Música Popular de Angola", que foram essencialmente para tomar conhecimento de algo que não conhecia muito. Uma descoberta, principalmente, o documentário sobre a música de Angola (embora o som não fosse o melhor), que pouco conhecia, para além do Bonga, Duo Ouro-Negro, Waldemar Bastos e Helder Rei do Kuduro. Apreciei bastante o ambiente intimista do "Quintal..." e a paixão dos músicos por aquele género.

***
E comi um belo Cozido de Grão à Moda de Campo Maior (era assim que vinha na ementa), no restaurante Alentejos, ali ao pé do rio. Um sítio pequeno e agradável, com um senhor muito simpático e conversador e que atende muito bem. Vão lá, vão! Deliciem-se! E a Sericaia, hum...

domingo, fevereiro 11, 2007

OCASO ÉPICO - "Café Cucerto + Da Beira-Baixa à Extremadura"

"Queremos o Bairro alto nas mãos de quem o trabalha!"

Formado em 1981 e liderados por Farinha Master - com formação em Engenharia, fez teatro (Chapitô e Comuna), tocou gaita de foles, estudou guitarra, flauta e voz no Hot Club, praticante e estudioso de filosofias orientais, como ioga e yin-yang- os OCASO ÉPICO foram um dos grupos que mais actuações realizou no mítico Rock Rendez-Vous, durante os anos 80, e dos mais originais. Eu assisti a algumas e numa delas faziam a 1ª parte de uns ingleses bem mais conhecidos, que foram completamente ofuscados pela mestria dos Ocaso Épico.
Só gravaram um álbum: "Muito Obrigado"(LP, Dansa do Som, 1988). Apareceram na colectânea "Ao vivo no RRV em 1984" com o tema "Intro", com voz de Anabela Duarte, que depois se tornaria vocalista dos Mler Ife Dada.
Aquilo que poderia ser o 2º álbum, ou restos do 1º, apareceu numa maqueta chamada "Desperdícios", em 1989, onde participava Carlos Zíngaro.
Existem gravados apenas mais 2 ou 3 temas que intergraram outras colectâneas.
Após o fim dos Ocaso, surgem os Zao Ten, depois os The Pé e os Angra do Budismo. Integrou ainda os K4 Quadrado Azul.
Farinha Master (Carlos Cordeiro) faleceu em 18 Fev.2002.
Já era tempo de estas gravações serem recuperadas e reeditadas em cd, para que não fique no esquecimento um dos mais originais e desconcertantes projectos musicais deste país.
Alô editoras!

Aqui está uma actuação na RTP, em 1988. Playback descarado, mas pronto...
Os títulos dos temas escrevem-se mesmo assim.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Os Que Mandam

Nunca como hoje a humanidade teve tantos meios para reduzir a pobreza. Nunca como hoje a diferença entre os muito ricos e os muito pobres foi tão grande. Um punhado de empresas gigantescas domina a economia mundial. Marcas de luxo são agora produzidas em países com baixos salários e em sistema de escravatura. No entanto, estes países não se desenvolvem...mas há quem acumule cada vez mais riqueza.

The New Rulers of The World

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Plastic Bertrand - Ça plane pour moi

O que uma pessoa descobre no Tubo! PLASTIC BERTRAND! Um cantor belga que teve um êxito estrondoso com esta canção. E eu lembro-me de ver na tv precisamente esta actuação no programa Musikladen quando estive na Alemanha, por volta de 1979. E ainda tenho o disco, em casa dos meus pais. E também existe uma versão em alemão. Mais tarde gravei "ça plane pour moi" numa cassete para curtir no carro e emprestar à malta. Nunca convenci ninguém, mas continuo a gostar disto. Aqui há uns anos, os Sonic Youth deram-me razão e gravaram uma versão com mais distorção desta pérola punk-pop. O Bertrand até chegou a participar no festival Eurovisão.A história esqueceu-o. Eu não.

Mostra de Cinema e Vídeo Lusófono


MOSTRA DE CINEMA E VÍDEO LUSÓFONO
DE 7 A 10 DE FEVEREIRO 2007
NO FÓRUM JOSÉ MANUEL FIGUEIREDO (BAIXA DA BANHEIRA/ MOITA)

PROGRAMAÇÃOSESSÃO DE ABERTURA
Quarta-feira 7 de Fevereiro 2007, 21:30h
"Lusofonia, a (R)Evolução" – Red Bull Music Academy – 60' - 2006 - Portugal (Entrada Livre)

Quinta-feira, 8 de Fevereiro 2007, 21:30h
"Quintal do semba" - Maianga Produções – 24' – 2003 – Brasil/ Angola
"Angola, Histórias da música popular" – Jorge António – 50' – 2005 – Portugal/ Angola

Sexta-feira, 9 de Fevereiro 2007, 21:30h
"Vinicius" – Miguel Faria Jr. – 122' – 2005 - Brasil

Sábado, 10 Fevereiro 2007 , 15:30
"Onze burros caem no estômago vazio" – Tiago Pereira – 28' - 2006 - Portugal
"Batuque, a alma do povo" – Júlio Silvão Tavares – 52' – 2006 - Portugal/ França/ Cabo Verde
"Marrabentando, ou as histórias que a minha guitarra canta" - Karen Boswell - 50' - 2004 – Moçambique

SESSÃO DE ENCERRAMENTO
Sábado, 10 de Fevereiro 2007, 21:30h
"Movimentos perpétuos" - Tributo a Carlos Paredes – Edgar Pêra – 68' – 2006 - Portugal

sábado, fevereiro 03, 2007

The news today will be the movies for tomorrow –


Arthur Lee”A House is Not A Motel”