quinta-feira, maio 25, 2006

O Velho Das Moedas


O velho andrajoso entra no autocarro 28. Lisboa. De si emana um cheiro nauseabundo. O motorista não aguenta e prontamente abre a janela. O velho apanha-o de costas e deita a mão à caixa das moedas. Sai do autocarro rapidamente. O motorista só repara no rombo na paragem seguinte. Foi aquele velho, pensou logo.

Dias depois voltam a encontrar-se. O velho prepara-se para entrar. Vê o outro e recua. O motorista manca-o. Levanta-se, sai do veículo com um saco de moedas na mão e atinge o velho mesmo no meio da testa. Este começa a sangrar. As pessoas ficam atónitas. O velho grita insultos evocativos da progenitora do agressor. Este dá-lhe do mesmo troco.

Uma passageira impressionou-se. Não aguentou e teve que falar:
- Então bate num homem daquela idade? Devia ter vergonha!
- Vergonha devia ter ele de andar a gamar!
- Mas o senhor não deve fazer justiça pelas próprias mãos, não é correcto! Para mais com um senhor daquela idade…
- Ó minha senhora, não se meta que isto não lhe diz respeito! Se ele tem idade para roubar também tem idade para levar nos cornos!

A seguir, há uma passageira lá atrás que se levanta e vem direita à outra.
- Oiça lá, você também mama do dinheiro que ele rouba, ou quê ?!

Fim de conversa.
Siga a carreira 28.

Consta que alguém tirou uma foto ao velho com o telemóvel e em algumas paragens foram colados cartazes que dizem (é + ou - isto): “procura-se – o velho das moedas – contacto e mail: arroubatudoquedeitaamão.pt”.

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