O fantástico edifício do Tribunal do Barreiro permite que se passe por baixo do mesmo. Ali, no verão é um local bastante aprazível devido à sombra e frescura. Poderia ser aproveitado como espaço de lazer; umas mesas poderiam juntar idosos a jogar às cartas ou ao dominó, uns bancos poderiam servir para as pessoas porem a conversa em dia, até para quem vai tratar assuntos da justiça poder descontrair um pouco, as crianças poderiam juntar-se ali para brincar, andar de bicicleta, enfim, um espaço ao ar livre propício ao convívio e à boa vida. Mas não, nada disto se passa por ali.
O que ali se passa é que, provavelmente, esta cidade foi pioneira na criação de um novo local que funciona como um 2 em 1: por um lado um mamarracho com a sua imponência ao rubro e que nos transmite a grandeza e poder da Justiça e, por outro lado, ali debaixo do palácio das leis um imenso cagatório e mijatório para os fiéis amigos dos donos, os cães! Isso mesmo, um tribunal + um WC cão, dois em um.
É vê-los logo ao nascer do dia, vêm pela trela do dono, este acende o primeiro cigarrinho, passam pelo tribunal e lá vai disto que é festa! Largam o cagalhão da ordem e retornam a casa, porque o dono tem que se despachar para ir trabalhar.
Numa destas belas manhãs, a funcionária da Câmara encarregue de limpar o local depara-se com uma senhora e a sua cadelinha procedentes dos prédios amarelos. A senhora apresenta-se bem vestida, cabelo arranjado, a pele cuidada, lábios pintados, as unhas também, aparentando até menos idade do que as cinquentas e tais primaveras que já leva desta vida. Tinha um ar distinto. A cadelinha não perde tempo e faz o seu cocó. De seguida a dona chama-a e começam a abandonar o local, quando a funcionária da Câmara se lhe dirige: “Olhe, desculpe lá! Então não trouxe o saco para apanhar a porcaria que o animal fez?”. A outra, embora não esperando aquela abordagem, responde quase de imediato: “Eu é que lhe estou a pagar o ordenado para você limpar, portanto não tenho eu essa obrigação!”. “Ai não tem? Pois olhe, no fim do mês vou lá bater à sua porta para me dar o ordenado…se é você que me paga!”. Diz a outra: “Olhe, se não está satisfeita vá para o pinhal de Coina que lá também se ganha bem!”.
A funcionária da Câmara teve que se retrair e contar até dez para se acalmar, porque a sua vontade era enfiar-lhe umas valentes vassouradas pelos cornos, mas estava de serviço e dava mais aspecto. No entanto, jurou logo ali perante a outra que não se iria esquecer da sua cara e que, quando a apanhasse e não estivesse fardada, lhe arrebentava a cabeça contra a parede mais próxima, que era para ela aprender a não ser malcriada…a puta d´um raio!
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
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3 comentários:
E é mesmo assim!
E é mesmo assim!
E recolher as cagadas todas do tribunal e por-lhas à porta ou na caixa do correio? Essa era uma bela paga! ai não que não era!
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