segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Luz & Sombra



Finalmente!
Um pouco de luz.
Século XXI.
A mulher poderá decidir.
Era aqui neste ponto que os do "Não" sentiam comichões por todo o corpo. A mulher ser dona de si própria e não de uma doutrina, moral, convenção ou outra qualquer imposição. Sem pena. Sem culpa. Em Liberdade.
Século XXI.
Mas como somos portugueses, as coisas ainda não ficam resolvidas. Parece que era preciso uma maioria de votantes. E a maioria deve ter tido coisas mais úteis e importantes para fazer num dia de chuva molha-parvos. Ou então ficaram de tal forma indecisos, ou com receio de tomarem uma posição clara (ai o castigo divino!) de "Sim" ou "Não" e NIM foram votar. Somos um pouco assim: temerosos de tomar uma posição; por isso contornamos as coisas e andamos às voltas. Daí tantas rotundas espalhadas por Portugal. Adoramos contornar.
Fica tudo nas mãos do Cavaco, diz o Correio da Manhã. Olha quem! Tá bem entregue, tá!

***

Na semana fomos presenteados com a ilustre visita do ex-eleito em 2000 para governar os EUA, mas que...bem, não interessa. O Al Gore anda a ganhar pipas de massa com palestras pelo mundo inteiro e, como vinha a Espanha, toca de pagar para ele dar cá um saltinho de umas horas.
O que ele diz não é novidade para os mais atentos. Tem-se elogiado que como se trata de alguém conhecido internacionalmente poderá chamar mais a atenção para os problemas do ambiente. Sem dúvida. Mas não o faz desinteressadamente. E só para as elites, ao que parece. Lá estavam eles babados comendo o croquete da ordem, nas imediações um parque automóvel de alta cilindrada e com motorista pago, pois claro!
Cá fora, os simples cidadãos não puderam assistir a uma palestra cujo assunto interessa a todos, os jornalistas foram barrados, porque aquilo está tão programado, que é mais do tipo pop-star em digressão a promover o seu último disco de canções apelativas. E poderiam ser tentados a criticar qulaquer coisinha, ou a fazer perguntas aborrecidas. Que maçada!
A nata da nossa sociedade fez belas declarações, que sim estão muito preocupados com o nosso planeta, com o futuro e tal.
Balelas! Estão-se a cagar!
São os mesmos que, por esse mundo fora, detêm cargos de poder e decisão os maiores responsáveis pela situação negra que se avizinha. Porque é a selvajaria do lucro a qualquer preço que está destruir o planeta. E os políticos baixam a calças aos senhores do dinheiro e mais nada. Ganham a sua vidinha e têm emprego garantido no mundo da alta finança (ou fanança, sei lá!).
Vão mas é cagar à mata!

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Também se fez a 1ª Mostra de Cinema e Vídeo Lusófono, no Fórum José Figueiredo, e o balanço foi francamente positivo. Se bem que a participação das gentes tenha ficado aquém do esperado, os que foram gostaram bastante. Há que começar por algum lado e os dados estão lançados. Agora o boca-a-boca encarregar-se-á de difundir o que se viu. E talvez alguns desenvolvam ideias inspirados no que viram. Nunca se sabe. Espero que sim.
Infelizmente não assisti ao último dia.
Para mim o melhor, com 5 estrelas, foi:
"(R) Evolução"- É sobre uma cena que está a acontecer aqui e agora e em processo de evolução constante desde há uns anos a esta parte. Lisboa como um cruzamento de culturas, sons, palavras, formas de sentir, dançar, odiar, amar, protestar, e tudo o mais, é um facto. Produzir algo a partir daqui e não apenas receber coisas embaladas e prontas a consumir. Desde a raíz rumo ao futuro. Mas atenção: as nossas entidades, editoras, agentes de espectáculos e por aí fora, ainda não acordaram e não sei se acordarão algum dia para o fenómeno. Mas o produtor francês Galliano já editou um cd com a cena kuduro angolana, e concerteza que os franceses irão rentabilizar a coisa. Os Buraka Som Sistema deram um passo em frente ao integrarem os ritmos deste género na cena electrónica. Foi a melhor coisa que aconteceu por cá nos últimos tempos. Uma lufada de ar fresco.

Também gostei muito de "Vinicius"(que vida de desbunda! que poeta!) , "Quintal do Semba" e "Histórias da Música Popular de Angola", que foram essencialmente para tomar conhecimento de algo que não conhecia muito. Uma descoberta, principalmente, o documentário sobre a música de Angola (embora o som não fosse o melhor), que pouco conhecia, para além do Bonga, Duo Ouro-Negro, Waldemar Bastos e Helder Rei do Kuduro. Apreciei bastante o ambiente intimista do "Quintal..." e a paixão dos músicos por aquele género.

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E comi um belo Cozido de Grão à Moda de Campo Maior (era assim que vinha na ementa), no restaurante Alentejos, ali ao pé do rio. Um sítio pequeno e agradável, com um senhor muito simpático e conversador e que atende muito bem. Vão lá, vão! Deliciem-se! E a Sericaia, hum...

2 comentários:

Rok disse...

O Al Gore? Chamar a atenção para os problemas ambientais? Rá! Essa é muito boa... ele não conseguiu chamar a atenção dos seus compatriotas para a vergonhosa fraude nas eleições americanas, que o tirou da Casa Branca! Que esperar mais... É tudo um jogo de luzes e discursos. Logo, esquecem.

Mas não vou esquecer do restaurante Alentejos. Cá entre nós, quantos dinheuros custará o cozido?

pinhacolada disse...

Uns 8/9 euros, só o cozido. Jantar completo para duas pessoas são 25 euros. Mas indicaram-me outro restaurante, com comida do Alentejo e de Trás-Os-Montes, com preço fixo de 6,50 euros por pessoa, incluindo sobremesa, café e digestivo.
Quanto ao Al Gore, e se o assunto diz respeito a todos, porque é que só falou para uns quantos?