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Vejo aquelas pessoas já com alguma idade em cima, que se apresentam maioritariamente em tons escuros, algumas usam pantufas combinadas com saias e casacos. Chegam, bloqueiam imediatamente a entrada da escola com os seus guarda-chuvas tipo toldo, e falam aos gritos para que os putos se apressem a sair. Idosos e reformados cheios de afazeres.
Vejo aqueles que usam fatos de treino coloridos e com riscas de lado, ténis brancos ou até mesmo sapatos, para que a combinação foleira resulte de todo. Estão em casa e não é por uma ida de cinco ou dez minutos à rua que valerá a pena vestirem-se de outra forma.
Vejo um estilo recentemente bastante difundido e vulgarizado, que se poderá apelidar de hip-hop xunga, onde não falta o boné à americana e as imitações baratas dos rappers da mtv. Só que, acaba por dar uma misturada tipo D´zrt de feira de Azeitão, ou eu sei lá o quê…
Vejo a dona mamalhuda que se convenceu (pela graça não sei de quem) de que era a boazona do bairro e desfila por entre os reformados salivando por inimagináveis aventuras carnais.
Ouço as bocas que se atiram para o ar, esperando que alguém enfie o barrete, e que dizem “as pessoas são mesmo estúpidas…atravancam ali o portão e só complicam”; ou então “ó Bruno, deixa lá essa porcaria senão levas nos cornos!”, e outras mais.
Vejo chegar condutores de carrinhas ATL completamente stressados da vida, sempre de um lado para o outro a transportar os putos que insistem em não obedecerem às suas ordens.
Vejo carros estacionados no meio da rua que não se importam de fazer os outros esperar. E buzinadelas, muitas e ruidosas.
É assim quase todos os dias junto ao portão da Escola Básica nº6, do Alto do Seixalinho.
Mas hoje, nesta tarde de chuva intensa, vejo algo diferente. Do lado da rua Bartolomeu Dias vem uma senhora em passo apressado, fura por entre os bloqueadores da entrada, entra na escola e vai buscar a filha. Apesar da chuva não usa chapéu. Mas há algo que a cobre da cabeça aos pés, apertado na zona do pescoço com uma mola da roupa. Trata-se nem mais nem menos de uma toalha de cozinha aos quadrados vermelhos e brancos, daquelas plastificadas. Um verdadeiro must! Dá um beijo à filhota, cobre-a com a toalha e lá vão felizes da vida.
Presumo que não teria nada melhor à mão para usar. Sem dúvida trata-se de alguém com o sentido prático das coisas da vida.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
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